Nós, mulheres

Muito tenho pensado na força das mulheres.

Vejam, não me refiro ao feminismo em si, mesmo porque tenho ressalvas com relação aos rótulos e generalizações.

Mas três acontecimentos recentes me fizeram pensar no assunto:

1 – Acompanho através do Instagram a luta da mãe Junia – @abraceamaju. Ela tem 2 filhos do mesmo marido. O filho mais velho é do espectro autista e mora em Belo Horizonte. A filha, Maju, é portadora de Epidermólise Bolhosa, a chamada “pele de borboleta”, está em São Paulo há meses para um tratamento. Junia parou a própria vida, vive de doações e das vendas do site das bonecas idealizadas em homenagem à filha, recebe uma pensão que não chega a um salário mínimo do ex-companheiro e pai das crianças.

2 – Li na revista Cláudia on line triste matéria sobre as mães das crianças vítimas da epidemia do zica (https://claudia.abril.com.br/saude/conheca-a-historia-de-criancas-nascidas-durante-a-epidemia-do-zika/). Muitas abandonadas pelos companheiros elas lutam diariamente com a doença e suas consequências, abdicando de suas vidas pessoais pelos e para seus filhos.

3 – Recebi via WhatsApp a seguinte frase: nós, mães, não somos guerreiras, mas exaustas, e se surtamos ainda somos chamadas de malucas…

Vejam, não se trata de uma crítica aos pais e maridos… O presente texto não é uma bandeira ao feminismo.

Ainda porque quando o assunto é paternidade, o pai do meu filho é exemplo, aprovado com louvor.

Muitos dos nossos amigos, pais da escola e familiares já fazem parte da geração “pai que faz” e é lindo, de verdade, assistir de perto aos relacionamentos sólidos, amorosos e dedicados entre pais e filhos.

No entanto, minhas reflexões têm razão de ser, estão alicerçadas em um fato: dos casos atendidos em nosso escritório, 100% (cem por cento) têm alguma discussão que envolve a participação, ou a falta de participação, dos pais na vida de seus filhos, seja emocional ou financeira.

Quando comecei a pensar no assunto, só consigo admirar ainda mais as mulheres, que são chamadas de “guerreiras” mas em verdade procuram nosso auxílio jurídico exauridas e emocionalmente abaladas, sem deixar jamais sua prioridade: seus filhos.