Gente como a gente

Acabo de ler um texto sobre o desafio dos novos escritórios de advocacia.

Somos prestadores de serviço que devem estar conectados ao que há de mais moderno na tecnologia, na rapidez de atendimento, na mudança do mercado…verdadeiros soldados do primor da prestação do serviço jurídico.

Sim, verdade, não ouso discordar, não adianta se afastar do mundo e o mundo é esse, rápido, tecnológico, com mania de perfeição e até um tanto hipócrita.

Pronto, falei!

Doeu?

Não sei você, colega e leitor, mas esse mundo jurídico de hoje me deixa meio zonza.

É tanto dever, tanta informação, tanta publicação, tanta pergunta, tanta resposta, tanto “print”.

Chego a sentir falta das visitas ao fórum, dos tombos na escada do João Mendes (sim, vários, muitos!), da briga com o relógio para o protocolo, das autenticações sem fim de documentos…

Saudosismo de uma velha de guerra? Talvez…

É que talvez eu pense que os escritórios precisam sim de tudo aquilo lá em cima, mas precisam também de mais valores, mais abraços humanos, mais lealdade, mais sentimento de que todos deveríamos ser iguais perante a lei, mas também deveríamos saber que somos todos iguais perante nós mesmos, em nossas relações uns com os outros.

Quem aqui nunca ouviu uma piadinha sem graça sobre advogado que quer levar vantagem em tudo?

E eu te pergunto colega: precisa ser assim?

Precisamos entender de uma vez por todas que os saltos altos, os ternos, os “doutores” pra lá e pra cá, as salas suntuosas, as togas, as formalidades, fazem parte tão somente do teatro.

Ponto.

Prefiro muito mais o lado humano, da ajuda, da solução dos problemas impossíveis, na tentativa de, pelo menos, minorar teu prejuízo pra “tu seguires em frente”, no café servido com um “estou aqui” na reunião do desespero, na esperança da implantação do negócio, na alternativa para baratear o custo, no respeito ao outro, no valor do empreender em um país, digamos assim, difícil.

Pois é.

Se essas são as premissas, penso que o caminho é fértil, aí passaremos à fase 2: a perfeição na prestação do serviço – sem esquecermos de que, longe de sermos nós mesmos perfeitos, do lado de lá ou do lado de cá temos somente uma coisa: GENTE!!!